Alguma vez já se sentiu depósito para alguem que queria apenas falar ( e não conversar)? Algum dia já quis apenas falar e falando reelaborou algo sobre você mesma? Pois bem, esse é o tema do espetáculo teatral " A arte de Escutar", que assisti ainda ontem.
O excelente texto de Carla Faour retrata uma mulher sem nome, que invisível, se presta a ouvir as histórias de pessoas em diferentes contextos. A idosa porralouca na fila do banco, os parentes numa noite de natal, uma colega na academia de ginástica, um senhor dentro do metrô, todos passam por ela com seus sentimentos e a necessidade de contar sua história. Esta mulher sem nome apenas ouve, e o faz bem, sem revelar opiniões, se dizendo "uma personagem principal que é coadjuvante".
Identifiquei-me com a personagem, pois, apesar de tagarela, percebo muitas vezes que as pessoas depositam suas histórias sobre meu colo. E eu as escuto.
Num tempo de verborragia, onde todos querem dizer mas ninguém quer escutar, o espetáculo leva á uma bela reflexão. Temos tido tempo para ouvir os outros? Conseguimos , tal qual a personagem, repensar a nossa existência, a partir das histórias alheias?
A Peça acontece no Centro Cultural da Justiça Federal. Espaço bonito e com um bom preço. Só questiono o seguinte: o que um bebê de 6 meses estava fazendo lá? Não deveria ser permitido, certo? E também percebi que um grupo de pessoas entrou no espetáculo após o início. Tremendo desrespeito com atores e platéia. Isaac Barnavid, Charles Paraventi e Juliana Guimarães estavam irretocáveis em seus personagens.
Afinal, como diz a Mulher sem Nome da peça :"Muitos dizem que a fala distingue o ser humano de outros animais. Discordo. Saber escutar é o que nos dá Humanidade..."
Um comentário:
Eu sou uma personagem principal que é coadjuvante!! rs
Tb sou ouvido pros outros, mas diferentemente da moça da peça, não gosto quando isso acontece, pq é a maior prova q ñ sabemos mais conversar...
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