domingo, 21 de junho de 2009

Finalmente vi o Hamlet.


Lendo Mulheres que correm com lobos, Clarice Estes conta sobre locais sagrado das quais as mulheres aborígenes ( e também de outras culturas) reservam determinadas ações como forma de acessar à própria alma. Segundo ela “ É possível invocar sua alma de diversas formas, nos cantos, toques de tambores , na música, nas visões de grande beleza, da oração, da contemplação, dos ritos e rituais, de ficar parada e até mesmo de idéias e disposições de ânimo arrebatadoras”.
Já percebi há muito tempo do poder que o teatro tem sobre mim. Uma sensação de plenitude, de certeza da minha condição humana, pequenos vislumbres da grande verdade da qual perdemos contato. Sinto necessidade de acessar â ficção, de sentir o prazer de ver (bons) atores e bons textos em ação. E como ficar privada do teatro me faz ficar triste.
Quinta feira, acessei à minha alma.
Em forma de vociferação, cusparadas, gritos e sussurros, vi o Hamlet. Wagner Moura é tudo de bom, mas a peça vai além dele. Sheakespeare se sobrepõe aos pobres encarnados que ali estão em ação e contemplação . Hamlet vai viver além de nós, pois o debate sobre vida e morte, sobre a fragilidade da condição humana, mais que clichês, são pontos de apoio pra acessar nossas almas.
Saí do teatro sorridente e meio anestesiada. Não consegui dormir porque as palavras não saíam da minha mente. Passei o dia seguinte me sentindo estranha.
E ainda há o que esquecem do poder que a palavra tem sobre o Homem
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