quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Um certo Bruno


Bruno Gagliassso é um daqueles atores bonitos que podem ficar boa parte da vida fazendo o galã romântico em novelas da tevê. Pode ter um futuro confortável fazendo uma novela depois da outra, alguns comerciais e participando de programas de auditório. Mas ele quis mais. Ele quis ser Van Gogh.

Por quase duas horas ele incorpora o artista no Teatro Leblon. É intenso. É forte. A construção do personagem passa por um trabalho corporal forte, um desnudamento da alma do pintor, uma construçao-desconstruçao do cenário que requer uma marcação cerrada por parte dos atores.

Na verdade, Bruno é o carro chefe da peça, mas o elenco é todo muito bom. Pedro Garcia Netto, Larissa Bracher e Marcelo Valle, fazem Theo, Johanna e Gaugin magistralmente. A peça tem muito movimento.

A campanha "Teatro para Todos", tem permitido que eu com meu parco orçamento assista a muitos espetáculos ultimamente. " Um certo Van Gogh" é ir na certa... não tem erro!

E, querido Bruno: além de LINDO , voce arrasa!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SOBRE A ARTE DE ESCUTAR



Alguma vez já se sentiu depósito para alguem que queria apenas falar ( e não conversar)? Algum dia já quis apenas falar e falando reelaborou algo sobre você mesma? Pois bem, esse é o tema do espetáculo teatral " A arte de Escutar", que assisti ainda ontem.

O excelente texto de Carla Faour retrata uma mulher sem nome, que invisível, se presta a ouvir as histórias de pessoas em diferentes contextos. A idosa porralouca na fila do banco, os parentes numa noite de natal, uma colega na academia de ginástica, um senhor dentro do metrô, todos passam por ela com seus sentimentos e a necessidade de contar sua história. Esta mulher sem nome apenas ouve, e o faz bem, sem revelar opiniões, se dizendo "uma personagem principal que é coadjuvante".

Identifiquei-me com a personagem, pois, apesar de tagarela, percebo muitas vezes que as pessoas depositam suas histórias sobre meu colo. E eu as escuto.

Num tempo de verborragia, onde todos querem dizer mas ninguém quer escutar, o espetáculo leva á uma bela reflexão. Temos tido tempo para ouvir os outros? Conseguimos , tal qual a personagem, repensar a nossa existência, a partir das histórias alheias?

A Peça acontece no Centro Cultural da Justiça Federal. Espaço bonito e com um bom preço. Só questiono o seguinte: o que um bebê de 6 meses estava fazendo lá? Não deveria ser permitido, certo? E também percebi que um grupo de pessoas entrou no espetáculo após o início. Tremendo desrespeito com atores e platéia. Isaac Barnavid, Charles Paraventi e Juliana Guimarães estavam irretocáveis em seus personagens.

Afinal, como diz a Mulher sem Nome da peça :"Muitos dizem que a fala distingue o ser humano de outros animais. Discordo. Saber escutar é o que nos dá Humanidade..."

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008